PROJETO VIVÁ
ILHA DE BOIPEBA
ONDE ESTAMOS
A Ilha de Boipeba está inserida no arquipélago de Cairu, que é o único Município Arquipélago do Brasil, que possui 26 ilhas cheias de riquezas naturais, históricas e culturais, com apenas 3 delas habitadas: Cairu- onde está localizada a sede municipal; Tinharé- a maior ilha (onde fica Morro de São Paulo); e a Ilha de Boipeba- onde existem 4 comunidades: Velha Boipeba, Moreré, Monte Alegre e Cova da Onça.
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Durante muito tempo a Ilha de Boipeba teve seu desenvolvimento condicionado pela suposta condição de isolamento que a sua situação geográfica impõe. Não é possível chegar na ilha por transporte via terrestre, somente por barco ou lancha rápida. Boipeba é cercada de um lado pelo oceano e de outro pelo estuário de rio e manguezais e se destaca por uma rara beleza natural e grande diversidade dos seus ecossistemas.
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Em virtude do seu patrimônio natural, a região foi reconhecida pela UNESCO como Reserva da Biosfera e Patrimônio da Humanidade e está integrada à Área de Preservação Ambiental (APA) em 1992.
A ilha está localizada na região denominada Baixo Sul, pioneira no processo de colonização do território brasileiro marcado pela violência da coroa portuguesa contra os povos originários da região, mais especificamente, os Aimorés. O município arquipélago de Cairu tem uma população total de 18.666 habitantes, com uma forte presença de comunidades tradicionais pesqueiras e quilombolas, marcado por processos de expropriação e escravização, que deixam marcas profundas na formação socioespacial deste território.
Além de ter uma longa história de colonização e escravidão que deixou marcas geracionais em nossas comunidades locais, o atual modelo de crescimento econômico e turístico da Ilha de Boipeba vem gerando enormes desequilíbrios em todo o seu ecossistema e na subsistência da comunidade local. Vivemos sérios problemas ambientais devido ao crescimento desordenado e ao turismo predatório, onde a degradação socioambiental aumenta a cada dia. A Ilha de Boipeba e principalmente a comunidade de Moreré tem se tornado um destino turístico que vem crescendo ano a ano, atraindo turistas nacionais e internacionais.
No entanto, há pouca incentivo do governo local com o desenvolvimento sustentável de seu território. Assistimos a um crescimento desenfreado sem qualquer melhoria na qualidade de vida da população. De facto, assistimos a uma diminuição da sua qualidade de vida devido à má gestão dos resíduos (existe um aterro a céu aberto na ilha), falta de apoio à valorização do comércio local, falta de fiscalização das obras, provocando uma descaracterização ambiental de espaços, aumento do uso abusivo de drogas e álcool, incluindo o tráfico de drogas, sistema educacional básico precário, inexistência de iniciativas de educação superior ou profissional (nosso projeto é o único a operar em longo prazo), entre muitos outros problemas. O cenário atual mostra um total descaso e falta de cuidado com a natureza e as comunidades locais por parte de nossos governos locais e estaduais.
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As comunidades locais estão se tornando cada vez mais marginalizadas e experimentando taxas mais altas de pobreza, uma vez que os preços dos alimentos e outros serviços estão sendo equiparados ao poder de compra dos novos moradores e turistas. Soma-se a esse triste cenário a falta de oportunidade ou acesso a informações adequadas sobre práticas de desenvolvimento sustentável, direitos humanos, igualdade de gênero e educação superior ou profissional.